INS estuda melhor abordagem para controlo de hipertensão em indivíduos HIV positivos

Realizou-se, na manhã desta segunda-feira (12), na cidade de Maputo, a primeira reunião de disseminação de resultados da primeira fase de implementação do estudo de Expansão da Abordagem de Análise e Melhoria da Cascata de Hipertensão Arterial (SCALE SAIA-HTA) em pessoas vivendo com o HIV, envolvendo 18 unidades sanitárias de seis distritos da província de Maputo.

O coordenador do estudo, Igor Dobe, explica que este projecto tem como objecto de estudo a cascata de hipertensão, que inicia com o rastreio e diagnóstico, e passa pelo seguimento até à fase do controlo da doença.

A análise dos dados da cascata é feita pela equipa da unidade sanitária, que os utiliza para a tomada de decisões, com o objectivo de melhorar o desepenho da cascata e o fluxo de pacientes com hipertensão arterial dentro da própria unidade sanitária.

“Como sabemos, a hipertensão arterial tem vindo a crescer e, acima de tudo, está ligada a vários factores, que podem ser causas modificáveis, assim como não modificáveis. Este estudo surge pelo facto de haver cada vez mais hipertensos, que podem estar ou não ligados ao HIV, sendo este um problema de saúde pública global”, disse.

Segundo Dobe, o foco do estudo é capacitar as unidades sanitárias em termos de modelos de avaliação que permitam a tomada de decisão em relação a apectos cuja gestão pode ser feita internamente, com vista a melhorar o atendimento de pacientes com hipertensão.

Estudos mais recentes, realizados em Moçambique, indicam que o país tem uma prevalência de 39 por cento de pessoas vivendo com hipertensão, uma prevalência que, segundo Dobe, é das mais altas na África Austral, representando, por isso, uma preocupação para o Sistema Nacional de Saúde. Outro objectivo do estudo é avaliar o custo e benefício das intervenções no SNS.

O SACALE SAIA é um estudo que resulta da expansão do projecto “SAIA”, ainda em curso nas províncias de Manica e Sofala, sob coordenação de uma organização não governamental.

“A partir do estudo SAIA, surgiu o SACALE SAIA, que significa ‘Expansão da Abordagem SAIA’. Isto significa que está a ser expandido o que foi iniciado em Manica e Sofala para a província de Maputo, porém com mudança na abordagem. Em Manica e Sofala, a abordagem é centrada no enfermeiro, enquanto em Maputo é centrado num profissional do nível do distrito, sendo denominado supervisor distrital”, esclareceu.

O estudo, em fase piloto, iniciou no Centro de Saúde de Marracuene, devendo, na fase de implementação, abranger 18 unidades sanitárias da província de Maputo. Depois destas fases, espera-se que o mesmo sirva de base para alimentar políticas e estratégias para o maneio da hipertensão no país.

Na sessão de abertura do evento de divulgação de resultados preliminares, Ana Olga Mocumbi, investigadora principal, disse que a SCALE SAIA-HTA é um projecto em fase inicial que se pretende transformar em programa, de modo a abranger outras províncias do país.

“Entre as nossas capacidades na área de cardiologia e na área da ciência de implementação, desenhámos este projecto, que queremos que seja um programa que possa, depois, ser escalonado a nível nacional”, disse.

A primeira reunião de disseminação de resultados do estudo do SCALE SAIA contou com a presença de quadros do Ministério da Saúde (MISAU), entre dirigentes e investigadores, e parceiros de implementação de programas do MISAU.

O projecto SCALE SAIA-HTA está a ser implementado desde o ano 2021 e vai até 2025. É financiado pelos institutos nacionais de saúde dos Estados Unidos da América e tem como principais intervenientes o Instituto Nacional de Saúde de Moçambique, as universidades Washington e Eduardo Mondlane, para além da Associação Miher.