Moçambique acolhe Simpósio Internacional sobre Tuberculose Infantil

O país acolhe de hoje até sexta-feira, 09 e 10 de Junho, o Simpósio Internacional de Discussão de Resultados do TB Speed, um projecto de pesquisa sobre o diagnóstico da tuberculose infantil, envolvendo a colaboração entre instituições de pesquisa de África, Europa e Ásia.

Na abertura do evento, o Director-Geral do Instituto Nacional de Saúde, Ilesh Jani, que falou em representação do Ministro da Saúde, revelou que as crianças constituem uma população que sofre desproporcionalmente o peso da tuberculose, numa situação em que o diagnóstico da doença é extremamente complexo neste grupo etário.

Referiu que as crianças apresentam um nível de concentração de bactérias relativamente baixo, facto que contrasta com a gravidade da doença, tendo explicado que a dificuldade no diagnóstico da tuberculose infantil é ainda maior ao nível dos hospitais distritais e centros de saúde, que são locais que atendem mais de 80 por cento da população nos países em desenvolvimento.

“A questão do diagnóstico da tuberculose em crianças merece um estudo mais aprofundado, e é isto que este consórcio tem realizado nos últimos anos”, asseverou, realçando que, durante os dois dias do evento vão ser analisados os resultados finais da investigação que tem sido realizada ao nível de sete países que fazem parte do consórcio, entre os quais Moçambique, esperando-se que, do simpósio, saiam resultados que, imediatamente, impactem na qualidade do diagnóstico da doença nestes países.

Por sua vez, o Investigador-Coordenador e Director do Projecto TB-Speed, Olivier Marcy, falou sobre o peso que a doença tem nas mortes que se registam no mundo bem como sobre os desafios enfrentados no processo de diagnóstico da tuberculose infantil, apontando que crianças vivendo com o HIV, mal-nutridas e com pneumonia constituem o grupo mais vulnerável, sendo que enfrentam um triplo problema.

“Estas crianças apresentam um alto risco de contrair a doença, alto risco de morte pela doença e um alto risco de indetecção da doença”, disse, sublinhando que o projecto TB Speed tem estado a trabalhar com equipas de investigação de sete países, como forma de contribuir para a redução dos referidos riscos.

Por seu turno, o Embaixador da França em Moçambique, David Izzo, referiu que a tuberculose mata mais de 1.5 milhão de pessoas por ano, tendo assinalado que Moçambique tem estado a travar uma luta notável contra a doença, tendo logrado reduzir em 35 por cento a incidência da doença entre 2010 e 2020, reduzindo as mortes pela doença em igual percentagem entre 2015 e 2020.

“Em todo o mundo, crianças continuam a morrer de tuberculose devido ao baixo diagnóstico e baixo tratamento da doença”, disse, assinalando que o simpósio vai mostrar que abordagens inovadoras poderão incrementar os números de diagnóstico e tratamento da doença.

Para além de Moçambique, fazem parte do projecto TB-Speed Camarões, Costa do Marfim, Zâmbia, Serra Leoa, Uganda e Camboja. O simpósio tem a duração de dois dias, devendo encerrar amanhã.