INS abre actividades formativas referentes a 2025, discutindo o fortalecimento da segurança sanitária

O Instituto Nacional de Saúde (INS) realizou, esta quinta-feira (17.04), na cidade de Maputo, a palestra anual alusiva ao início das suas actividades formativas. O evento foi marcado por uma aula proferida pela Professora Margarida Correia Neves, Professora Catedrática da Universidade do Minho (Portugal), com o tema “Fortalecendo a seguranças sanitária global: o papel da formação em saúde”.

Na ocasião, a oradora vincou que a formação é o pilar do desenvolvimento, sendo que este só existe com a saúde e a saúde, por sua vez, só é possível com o desenvolvimento.

“A formação para a saúde é um trabalho contínuo, está sempre por terminar. Temos de ter a noção das coisas boas que foram feitas, para ganharmos energia, e do que falta fazer”, vincou, acrescentando a necessidade de se criarem oportunidades para o desenvolvimento dos líderes do futuro no país.

Ao longo da sua locução, Magarida Neves fez alusão aos actuais desafios que se impõem à segurança sanitária global, com destaque para o rápido crescimento demográfico, mudanças climáticas, instabilidade política e aquilo a que chamou de “pandemia da desinformação”.

Diante dos referidos desafios, a palestrante apontou alguns caminhos por seguir, tais como manutenção das pessoas informadas de modo que confiem e saibam o que se está a fazer e a importância do que se faz ao nível das comunidades. Na mesma senda, defendeu o reconhecimento da união indissociável entre a saúde e literacia sanitária.

Durante a sessão de debate, marcada por perguntas e comentários de diversos participantes presenciais e virtuais, a oradora chamou atenção para o perigo do imediatismo em relação à divulgação de resultados de pesquisa, sublinhando que “este é um erro, porque uma investigação de qualidade privilegia o pensamento crítico”, que, por seu turno, requer tempo e paciência.

Na mesma ocasião, a Professora reconheceu o progresso da investigação em Moçambique, mas diz ter a sensação de que, a nível nacional, não se tem a real dimensão do trabalho que tem sido feito em tempo record.

“Quem viu a investigação que se fazia em Moçambique há 25 anos e vê o que se faz agora, nota que houve um avanço espectacular. Não podemos estar sempre a olhar para o que não está a ser feito, mas temos, sim, de mostrar e mostrar mais aos jovens que, agora, é a sua vez de dar continuidade ao trabalho”, defendeu.

A Director-geral Adjunta do INS, Sofia Viegas, falando durante a abertura da palestra anual, sublinhou que a melhoria da capacidade de resposta aos principais desafios de saúde pública passa pela elevação da qualidade técnica e científica dos recursos humanos, daí que a formação de profissionais de saúde é uma prioridade estratégica para o INS.

Ela sublinhou que, no quadro da concretização das suas atribuições no domínio da formação, a instituição tem vindo a implementar cursos de pós-graduação e de curta duração, tendo como principal público-alvo os profissionais de saúde ao nível central, provincial e distrital.

“Actualmente, o INS tem 81 estudantes em programas de pós-graduação implementados em coordenação com instituições de ensino superior nacionais e estrangeiras, sendo 21 doutorandos, 32 mestrandos e 28 residentes na especialidade de saúde pública”, fez saber, acrescentando que o INS tem, igualmente, auxiliado o processo de formação de jovens ao nível da licenciatura e pós-graduação, através da abertura de oportunidades de estágio nas áreas de pesquisa, laboratório, vigilância epidemiológica, entre outras.

Por seu turno, Extra Xadreque, Directora do Centro Regional de Desenvolvimento Sanitário, (CRDS), local onde o evento foi realizado, agradeceu pela eleição da instituição que dirige para acolher a palestra e referiu que o acto é extremamente marcante para o CRDS. “Vemos este tema com regozijo e vislumbramos o ressurgimento do CRDS e, por isso, estamos honrados por este ter sido escolhido para acolher esta aula inaugural”, disse, tendo referido que o tema representa a génese da instituição.

Realizada em formato híbrido, o evento juntou cerca de 150 participantes presencialmente, entre investigadores, docentes e técnicos do INS, representantes de instituições de ensino superior e de pesquisa, parceiros de cooperação, estudantes, estagiários, entre outros, vários tantos em formato virtual.