Tuberculose infantil continua a desafiar sistema de saúde em Moçambique
A resposta à tuberculose em crianças e adolescentes em Moçambique continua a enfrentar desafios, apesar dos avanços registados no âmbito do Plano Estratégico Nacional para acabar com a doença até 2030. A constatação foi feita por Gisela Sendela, médica com experiência no manejo clínico e gestão de casos de TB, durante o Simpósio 1 das XVIII Jornadas Nacionais de Saúde, em Maputo.
Segundo a oradora, o plano assenta em três objectivos centrais: detectar todos os casos de tuberculose, incluindo as formas resistentes, garantir o início atempado do tratamento e criar um sistema de suporte que permita a conclusão bem-sucedida das terapias curativas e preventivas, ao mesmo tempo que se promove a investigação e a inovação em abordagens centradas no paciente.
No entanto, a situação da tuberculose pediátrica revela obstáculos persistentes. Entre eles estão o fraco rastreio sistemático, a baixa sensibilidade dos testes de confirmação bacteriológica, sintomas muitas vezes inespecíficos e a hesitação de alguns clínicos em assumir o diagnóstico clínico.
Para reverter o cenário, Sendela destacou a necessidade de expandir o rastreio em unidades sanitárias e comunidades, recorrer a testes rápidos e mais sensíveis com amostras menos invasivas, reforçar o uso da radiografia e assegurar regimes de tratamento mais curtos, eficazes e adequados à idade.
A médica frisou ainda que a prevenção deve ser reforçada através da vacinação com BCG, do controlo de infecções e da disponibilização de regimes curtos de tratamento preventivo da TB.
O sucesso destas medidas dependerá, segundo disse, da rapidez no início dos tratamentos, da existência de formulações pediátricas apropriadas e do apoio contínuo às crianças, adolescentes e famílias.