Especialistas debatem importância da genómica na prevenção, controlo de doenças e avanço tecnológico em Moçambique

No dia 31 de Setembro do ano em curso, ocorreu em Maputo uma mesa-redonda no âmbito do lançamento do Plano Estratégico de Genómica Integrado de Moçambique (PLAGIM). O evento teve como tema “O papel da genómica na prevenção e controlo de doenças e desenvolvimento tecnológico no contexto da One Health”.

O painel contou com a participação de Nália Ismael (Chefe do Laboratório de Biotecnologia e Genética no Instituto Nacional de Saúde), Zélia Menete (Directora-Geral do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique), Lul Riek (Director Regional para a Região Austral do África CDC) e Valter Nuaila (Director do Centro Nacional de Biotecnologia e Biociências).   

Nália Ismael destacou a singularidade do PLAGIM em relação a outros planos estratégicos de genómica na África, enfatizando suas características e o impacto previsto. “Este plano se distingue de vários outros planos estratégicos de genómica na África. O PLAGIM combina duas estratégias essenciais para enfrentar desafios de saúde pública: a genómica e a One Health. Essas abordagens são actualmente recomendadas para prever, prevenir, controlar e impulsionar inovações tecnológicas. Dessa forma, o PLAGIM posiciona Moçambique entre os países mais bem preparados para enfrentar os desafios da saúde pública.”

Segundo Lul Riek, o lançamento da PLAGIM representa um passo significativo na criação de um sistema de saúde pública em África que seja resiliente e fundamentado em dados. Ao incorporar a genómica na vigilância de doenças, Moçambique está a melhorar a detecção precoce, a acelerar a resposta e a proteger as comunidades contra ameaças de doenças infecciosas e doenças não transmissíveis.

Zélia Menete destacou que muitas doenças se originam no solo e, em seguida, se espalham para animais e humanos. Por isso, a instituição que ela dirige tem utilizado a genómica para diminuir o impacto de pragas e doenças que afectam animais e plantas, especialmente culturas de grande importância, como milho e mandioca. Menete também destacou o uso potencial da genómica para orientar pessoas saudáveis, prevenindo doenças tanto em nível individual quanto populacional.

Valter Nuaila indicou diversos catalisadores nacionais para a execução do PLAGIM, ressaltando a Política de Ciência, Tecnologia e Inovação, que foi aprovada em 2024. De acordo com Nuaila, a política mencionada reconhece o desenvolvimento fundamentado no conhecimento, a importância da inovação como instrumento para o progresso e a criação de novas soluções adaptadas ao contexto nacional, além de alguns pilares essenciais, como a tecnologia e a nanotecnologia.

O plano estratégico de genómica integrado tem abrangência de 10 anos, com início em 2026 e inclui as áreas de saúde humana, animal, plantas e ambiente.