Saúde deve reforçar estratégias de atracção, retenção e motivação de dadores de sangue

É uma das constatações de uma série de estudos realizados em Moçambique, apresentados por Nédio Mabunda, Investigador do Instituto Nacional de Saúde, na mesa-redonda intitulada “Hemoterapia em Moçambique: ganhos, desafios e perspectivas”. A mesa-redonda decorreu no contexto do Quarto Dia Aberto de Pesquisa em Saúde da Província de Gaza, que tem lugar em Xai-Xai, desde ontem, 13 de Junho de 2024.

Nos estudos mencionados foi reportado uma maior predominância de dadores de reposição, ou seja, indivíduos que doam sangue para substituir o sangue usado por seu familiar (cerca de 70%), em detrimento de dadores de sangue voluntários. Ainda de acordo com Nédio Mabunda, a elevada seroprevalência de patógenos testados no sangue doado é um factor de risco para a segurança transfusional, dai que é importante apostar em dadores de sangue voluntários, já que resultados mostram uma seroprevalência baixa de patógenos neste grupo.

Sara Salimo, Director-Geral do Serviço Nacional de Sangue, foi participante desta mesa-redonda e apontou vários ganhos da área transfusional em Moçambique nos últimos anos, que incluem uma legislação mais robusta, dando maior autonomia a área, aumento de locais de doação de sangue, colocando o sangue mais próximo dos pacientes e garantia de testagem de todo sangue doado para os patógenos obrigatórios.

Adicionalmente, mencionou vários desafios na área, como falta de recursos humanos, necessidade de uso de teste de diagnóstico com melhor desempenho técnico e melhoria da sensibilidade do pré-inquérito e maior atracção de financiamento para a área.

Por seu turno, o Presidente da Associação de Dadores de Sangue da província de Gaza, Filimone Mapilele, falou do compromisso dos dadores voluntários de continuar a doar sangue de forma incondicional. No entanto, apontou alguns factores que concorrem para o decréscimo de número de dadores, como condições básicas para permitir a realização de campanhas de sensibilização de dadores de sangue, falta de lanche pós-doação e falta de outras acções de motivação por parte dos Serviços de Saúde.