Arrancou esta quarta-feira a Reunião Anual da IANPHI em Maputo
Decorre, desde a manhã desta quarta-feira (09), na cidade de Maputo, a maior e principal reunião global dos institutos nacionais de saúde pública de todo o mundo, organizado pela Associação Internacional dos Institutos Nacionais de Saúde Pública (IANPHI) e o Instituto Nacional de Saúde (INS). Trata-se da Reunião Anual da IANPHI, cujo acto de abertura foi dirigido pelo ministro da Saúde, Ussene Isse.
Na ocasião, o governante anotou que o evento decorre num dos momentos mais preocupantes e desafiantes para a saúde global das últimas décadas, devido à ocorrência simultânea de múltiplas crises, tais como mudanças climáticas e aquecimento global, rápido crescimento populacional em África, aumento de conflitos armados no mundo, tecnologias destrutivas e redução do financiamento global para a saúde.
Os factores em alusão, de acordo com o dirigente, favorecem o surgimento de emergências ou agravamento de diversas doenças com consequências directas para as comunidades e aumentam o fardo de doença para o sector da Saúde, resultando no aumento da frequência e gravidade de surtos e epidemias, sobretudo nos países de baixa renda, onde, coincidentemente, os sistemas de saúde são os mais frágeis.
Ussene Isse explicou que, diante do cenário descrito, Moçambique tem vindo a defender reformas urgentes nas agendas globais de saúde, de modo a assegurar que a cooperação multilateral seja orientada para o fortalecimento dos sistemas nacionais de saúde e para a edificação de sistemas resilientes a várias crises globais.
“Face a este desafio, defendemos que o uso de inteligência científica assuma um papel-chave para perspectivar um futuro melhor para a saúde global. Por isso, devemos apostar nos institutos nacionais de saúde pública como um pilar-chave nessa jornada”, vincou.
A reunião, que termina esta quinta-feira, decorre sob lema “O papel dos Institutos Nacionais de Saúde Pública na Promoção de Sociedades Saudáveis, Equitativas e Resilientes para enfrentar Ameaças Actuais e Futuras”. O Ministro sublinhou que o lema esclarece o reconhecimento do papel fundamental dos referidos institutos na identificação de soluções tecnológicas e científicas para a melhoria da saúde e bem-estar das populações.

“Neste momento, particularmente desafiante da história da saúde global, defendemos, fortemente, que todos os países devem possuir um instituto nacional de saúde pública operacional como estratégia-chave para garantir mais e melhor saúde”, destacou, acrescentando que é neste contexto que o Governo de Moçambique tem vindo a fortalecer o INS, recentemente eleito como centro de excelência do África CDC para a área de formação de profissionais de saúde ao nível dos países africanos de língua oficial portuguesa.
Por seu turno, o Director-geral do INS, Eduardo Samo Gudo, caracterizou a reunião como sendo histórica, tendo em consideração o número de participantes, que são mais de 200, metade dos quais participam de forma presencial, representando mais de 60 institutos ou agências de saúde a nível mundial.
“Estes números são um testemunho da dimensão, importância e relevância da reunião no panorama actual e global da saúde. Acima de tudo, são uma demonstração da qualidade dos debates que se esperam durante o evento. Por isso, a nossa expectativa é muito alta em relação à reunião”, sublinhou.
Na mesma ocasião, o Presidente da IANPHI, Duncan Selbie, destacou a importância e o crescimento da organização que dirige, salientando que os países membros mantêm uma ajuda mútua, partilhando experiências e conhecimentos.
“Nós não somos universidades nem grupos de reflexão ou uma outra forma de empreendimento de saúde pública. Eles são importantes, mas nós temos uma importância exclusiva, porque somos uma rede de instituições governamentais a nível mundial. Há muitas incertezas e medo resultantes da perda de recursos e redução de financiamento em todo o mundo, mas há muito que podemos fazer”, vincou.


A Reunião Anual da IANPHI decorre de hoje até amanhã e reúne directores, presidentes e representantes dos institutos ou agências governamentais de saúde pública de todo o mundo.
A sessão de abertura do evento contou com a presença de diversas individualidades, com destaque para o Director geral do Centro Africano de Prevenção e Controlo de Doenças (África-CDC), Jean Kaseya, o Director Regional da Organização Mundial da Saúde para África, Chikwe Ihekweazu, e Representante da Organização Mundial da Saúde em Moçambique, Severin von Xylander, entre outros participantes.
