Cerca de 62% de doenças infecciosas em humanos têm origem animal

– Diz Inocêncio Chongo, investigador no INS

O investigador do Instituto Nacional de Saúde (INS) Inocêncio Chongo fez saber que cerca de 62% de doenças infecciosas que acometem os seres humanos têm origem animal e alerta para o risco de transmissão entre animais domésticos e selvagens.

O investigador explica que 81% da população moçambicana vive na base da agricultura e usa os animais albergados em suas residências para diferentes fins, o que propicia o seu contacto directo com eles. No entanto, durante a pastagem comum, os animais domésticos também entram em contacto com os selvagens, que são considerados reservatórios naturais de agentes patogénicos.

Por causa da referida cadeia de transmissão, segundo Chongo, vários surtos e pandemias que têm sido acompanhados, sejam de pequena, média ou grande dimensão, estão relacionadas com alguns animais.

Por este e outros motivos, o investigador defende a maximização e produção de conhecimento na vertente de abordagem conjunta para o controlo e prevenção das doenças, pois, sem uma acção conjunta, torna-se impossível alcançar o sucesso por meio de uma vigilância íntegra.

Como resposta ao desafio, Inocêncio Chongo propõe a construção de uma estrutura capaz de fazer vigilância de doenças no seu todo, incluindo eventos relacionados com a resistência antimicrobiana, bem como com a produção e disponibilização de alimentos seguros.

A estrutura que vai responder a referido desafio é denominada “Plataforma de Saúde Única em Moçambique”, que integra os ministérios da Saúde, Agricultura e Desenvolvimento Rural, Terra e Ambiente, e do Mar, Águas Interiores e Pescas, para além de instituições de ensino e pesquisa, e da sociedade civil.

O investigador fez estas declarações ontem (03.08), em Maputo, no primeiro dia da oficina de trabalho da Plataforma de Saúde Única em Moçambique.