Director-geral do INS defende acções conjuntas e enérgicas contra sepsis

A cidade de Maputo acolhe, desde a manhã desta segunda-feira (17.11), a 3º Reunião Anual do Consórcio da África Subsariana para o Avanço da Investigação Inovadora e Cuidados em Sépsis (STAIRS). No acto da abertura do encontro, o Director-geral do Instituo Nacional de Saúde, Eduardo Samo Gudo, vincou que o actual cenário da sépsis torna urgente a implementação de acções conjuntas e enérgicas para a sua reversão.

Segundo Samo Gudo, a doença é potencialmente fatal e os dados epidemiológicos, a nível global, indicam que continua a representar uma das principais causas de mortalidade, num contexto em que a redução gradual na morbimortalidade a ela associada foi revertida nos anos de 2020 e 2021, principalmente devido ao impacto da COVID-19.

“De acordo com as mais recentes estimativas do ‘Global Burden of Disease’, em 2021 ocorreram 166 milhões de casos de sépsis e 21,4 milhões de mortes, correspondentes a cerca de um terço de todos os óbitos globais, sendo a África Subsariana a região com a maior carga global de morbimortalidade por sépsis em 2021”, fez saber. Acrescentou que, em Moçambique, a doença é responsável pela morte de um em cada quatro recém-nascidos.

Os números acima referidos, segundo o dirigente, são alarmantes e comprometem o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. Nisso, ele considera que esta reunião constitui uma plataforma estratégica para a geração de evidência científica, com vista a influenciar políticas de saúde para melhorar a prevenção, o diagnóstico e tratamento da doença.

Na mesma ocasião, o Director do Consórcio STAIRS, Nathan Kenya-Mugisha, elogiou o trabalho feito, assinalando que o órgão está a crescer.

“Agradecemos a todos pelo trabalho que está a ser feito. O começo não foi fácil. Custou alguma energia para começar, mas penso que todos concordamos que estamos a progredir bem e esperamos alcançar todos os nossos objectivos dentro do período estabelecido”.

Para a pesquisadora principal do STAIRS em Moçambique, que é, igualmente, Directora de Inquéritos e Observação de Saúde no INS, Ivalda Macicame, destacou que o principal objectivo do consórcio STAIRS é advocar para melhor pesquisa e melhores cuidados da sépsis, que é uma condição predominante em África.

“Que esta manhã seja de interacção entre o consórcio, os parceiros e colaboradores, para que possamos colaborar ainda mais e definir projectos novos, tanto na área de pesquisa como de cuidados, com vista a salvar ainda mais vidas em Moçambique e em África, em geral”, apelou.

Macicame destacou a presença, no evento, de representantes da Organização Mundial da Saúde, do Ministério da Saúde, Centro de Investigação em Saúde da Manhiça e Universidade Eduardo Modlane, tidos como parceiros importantes na luta contra a sépsis.

A reunião, com duração de cinco dias, é realizada com o objectivo de promover a partilha de boas práticas nas áreas de investigação clínica e manejo da sépsis a nível regional e global, para além de promover a advocacia e engajamento político para a integração da sépsis nas agendas nacionais e internacionais de saúde.

O arranque deste encontro coincide com o início da Semana Mundial de Consciencialização sobre Resistência Antimicrobiana, que é uma das áreas de interesse do projecto, na medida em que tem como um dos propósitos promover a implementação de estudos comunitários e intervenções inovadoras na área da sépsis, incluindo a Resistência Antimicrobiana.

O Consórcio STAIRS é financiado pela Alemanha e integra instituições de sete países africanos, nomeadamente Moçambique, Uganda, Etiópia, República Democrática do Congo, Gana, Serra Leoa e Nigéria, incluindo os Estados Unidos da América.