Divulgados Resultados do InCRÓNICA – 2024

O Instituto Nacional de Saúde (INS) divulgou, na manhã desta sexta-feira (04.04), na cidade de Maputo, os principais resultados do Inquérito Nacional de Prevalência e Factores de Risco para Doenças Crónicas não Transmissíveis (InCRÓNICA – 2024). O inquérito foi realizado com o objectivo de determinar a prevalência para Doenças Crónicas não Transmissíveis (DNT) na população com idades entre 18 e 69 anos e descrever as tendências de sua ocorrência no país.

A cerimónia de divulgação dos resultados do InCRÓNICA – 2024 foi dirigida pelo Secretário Permanente do Ministério da Saúde, Ivan Manhiça, em Representação do Ministro da Saúde. Intervindo na ocasião, Ivan Manhiça destacou a relevância do inquérito como um instrumento que vai orientar o processo de planificação e elaboração de políticas para a prevenção e tratamento de doenças crónicas no país. Igualmente, o dirigente reafirmou o contínuo compromisso do Ministério da Saúde com o uso da evidência científica nos processos de tomada de decisão.

Intervindo na mesma cerimónia, o Director-Geral do INS, Eduardo Samo Gudo, sublinhou que o inquérito tinha como objectivo monitorizar a tendência, não só das doenças crónicas, mas também dos seus factores de risco. Samo Gudo destacou o aumento da amostra no presente inquérito, o que conferiu maior robustez dos resultados. Na mesma senda, sublinhou a introdução de novos módulos no presente inquérito, nomeadamente de asma, cancro e saúde mental.

Por seu turno, a Investigadora Principal do Inquérito, Ana Olga Mocumbi, revelou que, apesar de as doenças infecciosas continuarem a ser a principal causa de morte em Moçambique, o peso de mortes por DNT tem aumentado, o que faz delas uma causa importante de procura pelos serviços de saúde. Segundo Mocumbi, os resultados do InCRÓNICA – 2024 apontam para o aumento crescente da tendência de prevalência de factores de risco de doenças crónicas, nomeadamente o uso de álcool, sedentarismo, obesidade, hipertensão arterial, diabetes e hipercolesterolemia. 

De acordo com Mocumbi, “em relação ao consumo de tabaco, houve uma melhoria, com a redução de 16.7 para 8.2 por cento em comparação com o ano 2005. Contudo, na população adulta, o consumo é elevado, sobretudo no sexo masculino, sendo o consumo episódico excessivo frequente principalmente nos homens”, revelou.

Os dados do relatório indicam que, entre 2005 e 2024, registou-se um aumento dos factores de risco para doenças cardiovasculares na população, em geral. O sedentarismo ou inactividade física subiu de 6.5 para 14.3 por cento, sendo mais predominante em mulheres.

Nas palavras da investigadora, os resultados revelam a necessidade urgente de promoção de hábitos e práticas diárias que concorram para o bem-estar físico, mental e social, permitindo a prevenção de doenças crónicas.

Por sua vez, Inácio Alvaranga, da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Moçambique, referiu que os resultados apresentados têm grande relevância para o Sistema Nacional de Saúde, na medida em que vão contribuir para o fortalecimento das políticas públicas e intervenções sanitárias adequadas ao perfil epidemiológico, demográfico e nutricional actual no país. “Reafirmamos o nosso compromisso de continuar a colaborar com o Governo de Moçambique, através do Ministério da Saúde e dos demais parceiros, com o objectivo de consolidar a resiliência do sistema de saúde de Moçambique, primando pela geração e utilização de evidências em prol de intervenções impactantes na saúde das populações”, disse.

Na ocasião, Ashraf Hassanein, do Alto Comissariado do Canadá em Moçambique, destacou que os resultados apresentados fornecem uma base sólida para a compreensão da prevalência e factores de risco das DNT em Moçambique.”Os resultados do InCRÓNICA apresentam tendências preocupantes em algumas áreas, tais como o consumo excessivo de álcool, a obesidade, doenças cardiovasculares entre outros, que exigem intervenções imediatas”, explicou. 

Orçado em cerca de 1.6 milhão de dólares, o InCRÓNICA foi financiado pelo Governo do Canadá e  implementado pelo INS, em parceria com o MISAU, Instituto Nacional de Estatística e OMS.