FETP melhora abordagem de surtos e vigilância em Nampula

Vincam graduados da 3ª coorte

A abordagem de investigação de casos e surtos em matérias de vigilância epidemiológica vai mudar para o melhor nos distritos da província de Nampula, região Norte do País. Quem assim dá a entender são os graduados da 3ª coorte do Programa de Formação de curta duração em Epidemiologia de Campo de Moçambique (FETP – Linha de frente). Durante a cerimónia de graduação, realizada no último dia 20 de Julho passado, eles destacaram a componente científica como o mais saliente dentre os ganhos tirados do curso.

A formação em referência corresponde à Linha de Frente, que é o primeiro dos três níveis que compõem o programa. O curso teve lugar na cidade de Nampula e abrangeu 14 técnicos de Saúde dos distritos da província com o mesmo nome.

O responsável pela Vigilância Epidemiológica do distrito de Ribáue, Lemos João, está entre os graduados e é o representante da turma. Partilha que, antes da formação, ele e seus colegas trabalhavam com surtos, mas de maneira empírica e não científica, uma situação que, graças ao curso, vai mudar.

“Fomos dotados de conhecimentos e ferramentas de como, por exemplo, mapear os casos, identificar quem está a ser afectado, qual é a faixa etária mais afectada, qual é a tendência dos casos e como analisar toda esta informação, de modo que consigamos fazer uma detecção precoce e dar resposta às ameaças em saúde pública, e não esperamos a equipa de nível central ou provincial”, vincou.

Clemência Macina é funcionária da Delegação Provincial do Instituto Nacional de Saúde de Nampula e trabalha como técnica de investigação e treinos em saúde. Igualmente, é graduada da 3ª coorte e faz uma avaliação positiva da formação, realçando que foi muito produtiva para si no âmbito pessoal e profissional, sendo que ela se sente transformada pelo treino.

“Hoje, sinto-me capaz de responder àquilo que é a necessidade de vigilância na província e de dar resposta rápida a situações de surto. Aprendi muito! Durante o curso, tive a oportunidade de participar da investigação do surto de cólera e conduzir uma vigilância e o respectivo relatório para a meningite”, partilhou.

A entrevistada manifesta o desejo de ver a formação replicada em mais províncias para que o país esteja em altura de dar uma resposta rápida a eventos anormais de saúde. Na mesma senda, ela explica que, antes do curso, não olhava para situações anormais de doença como uma preocupação, o que veio a mudar com a formação.

“Desde o momento que começámos a avaliar os dados, comecei a perceber que o aumento dos números, de certa forma, demonstra algum perigo e é preciso manter o alerta “aceso” para poder responder e atender a essas situações. Eu não era capaz de fazer um processamento de dados com muita exactidão. Apresentar dados com precisão e clareza era algo não claro para mim, mas, agora, digo e repito: hoje, posso fazer o acompanhamento até ao relatório final”, garantiu.

Por seu turno, o responsável da Vigilância Epidemiológica no distrito de Mecuburi, Abibo João, também graduado, junta-se aos outros para proclamar a relevância da formação em sua vida. Com o curso, ele diz ter marcado um novo passo, porque necessitava do treino para melhorar as actividades diárias de vigilância epidemiológica, no sentido de ver cada vez mais reduzidos e quiçá erradicados os problemas de saúde pública a nível do seu distrito.

“Neste momento, sinto-me um novo nascido. Durante os três meses, aprendemos muito no que concerne à investigação, condução de surtos, entre outras matérias que permitem a melhoria das actividades relacionadas à vigilância ao nível do distrito. De hoje em diante, a melhoria poderá ser mais significativa”, disse.

Abibo João realça que a grande mudança na abordagem está relacionada à aplicação da metodologia científica para a condução de situações de saúde pública e faz saber que, antes da formação, ele e seus colegas conduziam os surtos e eventos relacionados à saúde pública de forma empírica, sem seguimento de nenhuma sequência lógica ou científica.

Em Moçambique, o FETP Linha de Frente foi lançado em Agosto de 2021, com o objectivo de treinar profissionais de Saúde, na perspectiva fortalecer a capacidade de resposta a surtos e emergências em saúde pública, por meio da detecção, pesquisa, controlo e prevenção eficaz de doenças. Até aqui, o programa formou 37 profissionais a nível nacional.