Hepatites virais crónicas: um problema silencioso de saúde pública

As hepatites virais crónicas constituem um importante problema de saúde pública em Moçambique. Esta é uma das constatações de vários estudos realizados no país, apresentados por Nédio Mabunda, Investigador do Instituto Nacional de Saúde, durante uma mesa-redonda intitulada “Hepatites virais crónicas em Moçambique: estratégias programáticas e acções para a eliminação como problema de saúde pública”.

A mesa-redonda decorreu no contexto do 5º Dia Aberto de Pesquisa em Saúde da Província de Gaza, que tem lugar em Xai-Xai desde ontem, 12 de Junho de 2025, no distrito de Bilene, juntando investigadores, médicos, responsáveis de programas de saúde a nível provincial, professores, estudantes, entre outros.

Nos estudos referidos, foi reportada uma prevalência elevada de Hepatite B (HBV) em diferentes grupos populacionais, colocando Moçambique como um país de elevada endemicidade para este vírus. Por outro lado, a prevalência geral da Hepatite C (HCV) é baixa, sendo elevada apenas em usuários de drogas.

Nédio Mabunda

Segundo Nédio Mabunda, há necessidade da adopção de estratégias de diagnóstico e tratamento de HBV, de modo a diminuir o seu impacto, que inclui cirrose, insuficiência hepática e cancro do figado, nos indivíduos infectados. Realça a necessidade de estudos para o entendimento da elevada prevalência de HBV em jovens e adolescentes, mesmo com a vacina introduzida pelo país em 2001.

Por seu turno, Mendes Chongo, funcionário da Direcção Provincial de Saúde de Gaza, reforçou o posicionamento de Mabunda, depois de apresentar uma tendência de aumento de HBV em dadores de sangue jovens em Gaza durante o período 2022 a 2024.


A ponto focal de Infecções Oportunistas, Tuberculose/HIV e Hepatites no Ministério da Saúde, Eudóxia Filipe, apontou várias estratégias que o país tem estado adoptar para o controlo de hepatites virais crónicas, como a testagem rotineira de HBV e HCV ao nível dos bancos de sangue, vacinação aos recém-nascidos a partir do segundo mês de vida, entre outras.

O baixo financiamento doméstico e internacional para a área em referência é apontado por Eudoxia Filipe como sendo a principal limitação para a introdução de outras medidas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde para eliminar as hepatites virais crónicas.