IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA SAÚDE: Evidência sobre a relação entre clima e saúde é fundamental para resiliência do sector da Saúde
A Secretária de Estado (SE) na província de Sofala, Cecília Chamutota, defendeu, recentemente, cidade da Beira, durante o Simpósio de Clima e Saúde em Sofala, a necessidade de geração de evidência sobre a relação entre o clima e saúde, explicando que esta é fundamental para tornar o sector da Saúde mais resiliente ao impacto das mudanças climáticas.
“Com vista a mitigar o impacto das mudanças climáticas na saúde, várias iniciativas têm sido levadas a cabo pelo Governo e seus parceiros de cooperação para a compreensão da relação entre o clima e saúde”, disse.
O simpósio em alusão foi organizado pelo Instituto Nacional de Saúde (INS), tendo como principal objectivo divulgar e discutir a evidência científica global e nacional sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde, e as acções para o fortalecimento da resiliência do sector da Saúde.
Igualmente, o evento visava permitir a partilha de experiência nacional na resposta às emergências sanitárias induzidas pelos eventos climáticos extremos, discutir oportunidades de geração de evidência e de inovação sobre mudanças climáticas e saúde, para além de discutir e reflectir sobre o engajamento comunitário para a implementação de estratégias de mitigação e adaptação do sector da Saúde às mudanças climáticas.
Por seu turno, o Director-geral do INS, Eduardo Samo Gudo, sublinhou que as alterações climáticas constituem a maior ameaça de saúde do século XXI. Igualmente, referiu que os países com recursos limitados, incluindo Moçambique, são os que menos contribuem para a emissão de gases de efeito de estufa, no entanto são os que mais sofrem as suas consequências.
“Os dados da monitoria do Índice Climático Global mostram que, entre 2018 e 2021, o nosso país passou da lista dos 15 países mais afectados pelas mudanças climáticas para a lista dos seis países mais afectados, e os ciclones Idai, Kenneth, Freddy, Gombe, Ana, entre outros, são exemplo disso”, partilhou. Samo Gudo referiu que o cenário futuro pode ser ainda mais sombrio, o que vai exigir a identificação e adopção de abordagens inovadoras sustentáveis, para o fortalecimento da resiliência do país.
Plataforma de monitoria do impacto das mudanças climáticas na saúde em Sofala
Durante o simpósio, foi lançada a Plataforma de Monitoria do Impacto das Mudanças Climáticas na Saúde em Sofala, designada “ALIVE”. Trata-se de uma plataforma que visa garantir a prestação de serviços de saúde durante desastres induzidos pelo clima em comunidades vulneráveis no país.
Segundo a SE, a plataforma está inserida nas prioridades do Governo, tendo em vista garantir a saúde e bem-estar dos moçambicanos. Igualmente, a SE sublinhou que o investimento em sistemas de saúde resilientes às mudanças climáticas não é uma escolha, mas sim um imperativo.
“Defendemos que a saúde deve estar no centro das discussões e investimentos sobre mudanças climáticas”, destacou.
A sessão de lançamento foi marcada pela exibição de um vídeo explicativo sobre a plataforma ALIVE, que integra um conjunto de pacotes específicos, tais como “Sistema integrado de vigilância de dados”; “Concepção de intervenções para melhorar a resiliência às catástrofes devido à interrupção dos serviços de saúde” e “Formação e fortalecimento de capacidades de investigadores”.
Implementada sob o lema “Garantindo a prestação de serviços de saúde durante desastres induzidos pelo clima”, a plataforma vai abranger, inicialmente, três distritos da província de Sofala, nomeadamente Dondo, Nhamatanda e Búzi.
A plataforma ALIVE é coordenada pelo INS em parceria com o Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Gestão de Risco de Desastres (INGD), Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), Universidade Eduardo Mondlane, Fundação Oswaldo Cruz e Universidade de Emory.
O simpósio compreendeu sessões durante as quais foram discutidos temas relacionados aos impactos das mudanças climáticas e experiências locais de respostas, bem como iniciativas de melhoria da compreensão do nexo clima e saúde em Sofala.
Participaram do evento a Directora Provincial de Saúde de Sofala, o Delegado Provincial do INGD em Sofala, Médico-chefe provincial de Sofala, Director do Hospital Central da Beira, Delegado do INS na província de Sofala, investigadores do INS, docentes da UniZambeze, profissionais do INE, entre outros convidados.