Iniciou na manhã desta segunda-feira (29.07) a 1ª Conferência sobre Transdisciplinaridade para a Eliminação da Cólera. O evento tem, entre outros, o objectivo de discutir e partilhar evidências científicas e inovações que contribuam para a eliminação da cólera a nível nacional, regional e global.

Discursando durante a abertura do evento, o Primeiro-ministro da República de Moçambique, Dr. Adriano Maleiane, referiu que, nos últimos três anos, os dados epidemiológicos apontam para o ressurgimento e propagação, sem precedentes, da cólera a nível da SADC e do mundo em geral.

Segundo o dirigente, esta situação de agravamento da cólera está directamente relacionada ao aumento da frequência e gravidade dos eventos climáticos extremos, assim como a diversos factores associados, com destaque para o deficiente saneamento do meio, acesso limitado à água potável e desinformação sobre as causas da cólera.

O primeiro-ministro destacou ainda que, neste ano, foram registados, em todo o mundo, 94 mil casos de cólera entre Janeiro e Março, sendo que metade ocorreu na África.

Em relação à prevenção e controlo da cólera, Maleiane afirmou que Moçambique tem vindo a adoptar e a implementar um conjunto de medidas combinadas, destacando-se a vigilância em tempo real a nível interno e nas fronteiras; incremento da capacidade de testagem laboratorial, com o estabelecimento de uma rede de laboratórios provinciais de saúde pública, a realização de campanhas de vacinação contra a cólera, a comunicação de risco e engajamento comunitário.

Por sua vez, o Director-geral do INS, Dr. Eduardo Samo Gudo, referiu que a expectactiva é que a conferência se transforme numa referência regional, continental e global para a discussão da eliminação da Cólera numa perspectiva de transdisciplinaridade e multisectorialidade”, referiu.

Em sua intervenção, a Coordenadora Médica Internacional da Organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), Daniela Garone, fez menção a parceria duradoura entre a instituição por si representada e o Ministério da Saúde, que floresce ao longo das últimas quatro décadas.

“Através de um compromisso partilhado e de um espírito de colaboração, implementámos acções médicas humanitárias vitais, chegando às populações vulneráveis e respondendo às emergências”, realçou.

Por seu turno, a chefe de Saúde e Nutrição na representação do UNICEF em Moçambique, Maureen Gallager, destacou que a cólera está afectando as crianças de forma desproporcional. “As crianças também perdem oportunidades de educação com os atrasos verificados na reabertura de escolas devido aos surtos de cólera”, acrescentou. 

Em sua intervenção, o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Moçambique, Severin Von Xylander, realçou a relevância da realização da conferência no país, pois a maioria dos determinantes da cólera, como a disponibilidade de água potável, o saneamento básico e práticas de higiene devem ser abordados de forma multisectorial, sendo este processo fundamental para prevenir e controlar a transmissão desta doença e outras de origem hídrica.

Sob o lema “Juntos pela Eliminação da Cólera”, o evento é organizado pelo INS em colaboração com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC). O evento conta com o apoio de parceiros nacionais, regionais e internacionais.