Zambézia com a mais baixa cobertura de partos institucionais
– Segundo dados dos SIS-COVE
O Instituto Nacional de Saúde (INS) divulgou, esta quinta-feira (28.09), na província da Zambézia, os resultados da vigilância do Sistema Comunitário de Observação em Saúde e de Eventos Vitais (SIS-COVE) referentes ao período de 2019–2021.
O acto, que teve lugar na cidade de Quelimane, perante uma audiência constituída por investigadores, profissionais de saúde, representantes do governo local e outros, foi dirigido pelo Delegado do INS na Zambézia, Vánio Mugabe.
Entre os resultados partilhados, consta que a província em alusão apresenta a mais baixa cobertura de partos institucionais, com 44 por cento, revelando apenas uma ligeira subida em relação ao ano 2015, altura em que os dados dos Indicadores de Imunização, Malária e HIV/SIDA em Moçambique apontaram para uma cobertura de 41.8 por cento de partos.
Os resultados mais expressivos incluem, ainda, o tópico de óbitos comunitários, sendo que, neste ponto do país, cerca de 86 por cento dos óbitos ocorreram fora da unidade sanitária. A província afigura-se como a que tem registo da maior taxa de mortalidade de menores de 5 anos a nível nacional, com a mortalidade neonatal situada em 41.3 por 1000 nascidos vivos e a mortalidade em menores de 5 anos situada em 146.1 por 1000 nascidos vivos.
Em relação à tendência de causas de morte em todas idades, no período em análise, verificou-se uma redução do peso da mortalidade por HIV e malária e o aumento do peso das mortes por cancros e trauma, sendo que a taxa de mortalidade por HIV saiu de 27 por cento em 2007 para 13 por cento em 2021 e a do trauma passou de 4 por cento em 2007 para 8 por cento em 2021.
A mortalidade por faixa etária revela que as infecções tiveram um peso importante na mortalidade em menores de 14 anos e as doenças crónicas, que incluem o cancro e a doença cardiovascular, tiveram mais peso em maiores de 50 anos entre 2019 e 2021. Entretanto, em crianças de 5 a 14 anos, o trauma é apontado como sendo a principal causa de mortalidade no país. Na Zambézia, em particular, 21 por cento das mortes deveram-se a doenças diarreicas nesta última faixa.
Em indivíduos de 15 a 49 anos, o HIV foi a principal causa de óbito em todas as províncias. Na Zambézia, a doença foi responsável por cerca de 28 por cento dos óbitos na referida faixa etária. Por sua vez, o cancro foi a principal causa de óbito a nível nacional, com a província em referência a apresentar a mortalidade mais alta na região Centro.
“As províncias com a maior mortalidade por HIV são Gaza e Inhambane, mas, na região Centro, Zambézia aparece como a província com a maior mortalidade por esta doença”, salientou Celso Monjane, coordenador do SIS-COVE e investigador no INS.
Por sua vez, entre os anos 2019 e 2020, a mortalidade materna teve maiores rácios na área rural e nas regiões Centro e Norte do país. Nas causas, o aborto está em primeiro lugar, com 24 por cento, seguido por hemorragias, com 18 por cento. Em terceiro lugar, estão os transtornos hipertensivos, com um peso de 13 por cento.
“A região Centro teve o maior rácio de mortalidade, com 418 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos. Olhando por áreas, percebe-se que as zonas rurais tiveram rácios muito mais altos. Por local de ocorrência de parto, os extra-hospitalares (aqueles que acontecem nas residências), o rácio é muito mais alto, com pouco mais de 500 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos”, explicou, referindo que este facto reforça a importância de as mulheres darem à luz nas unidades sanitárias.
A implementação do Sistema Comunitário de Observação em Saúde e de Eventos Vitais (SIS-COVE) iniciou-se em 2017 e visa informar a planificação no sector da Saúde, entre outras questões relevantes para a melhoria da saúde da população. Para a recolha de dados, a plataforma usou como instrumentos a vigilância comunitária e a autópsia verbal e social. No geral, está em seguimento, no SIS-COVE, uma população de 167,409 pessoas, das quais 82,356 homens e 85,053 mulheres.
Com uma abrangência nacional, o sistema cobre unidades chamadas conglomerados em todas as províncias. No total, conta com 700 conglomerados e, até ao ano 2021, alcançou cerca de 100 mil agregados familiares e mais de 800 mil indivíduos. Dos referidos conglomerados, Zambézia alberga o maior número, tendo 118.
O SIS-COVE é implementado pelo INS, em colaboração com o Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Estatística (INE), Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, John Hopkins Bloomberg School of Public Health, os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças, a Organização Mundial da Saúde e Fundação Bill & Mellinda Gates.