INS em parceria com FioCruz e UniLúrio lança programa de pós-graduação em sistemas de saúde

O Instituto Nacional de Saúde (INS) procedeu, na tarde desta sexta-feira (06.10), ao lançamento do “Programa integrado de Pós-graduação: Mestrado e Doutoramento em Sistemas de Saúde”, destinado à formação de profissionais de saúde do sector público, incluindo os do ramo militar.

O programa resulta de uma parceria entre o INS, a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) do Brasil e a Universidade Lúrio (UnLúrio).

Falando no acto do lançamento do programa, o Director-Geral do INS, Eduardo Samo Gudo, destacou a relevância da formação do capital humano na área de saúde para a melhoria da saúde e bem-estar da população.

Através deste programa, pretendemos contribuir para a formação de uma massa crítica em Moçambique, que tenha um papel transformador e promova o fortalecimento do Sistema Nacional de Saúde, através da introdução de abordagens de gestão dos programas e intervenções baseados em evidência científica e focadas nos principais problemas e desafios deste sistema, vincou.

Segundo Samo Gudo, os novos e emergentes desafios de saúde pública impostos pelas mudanças climáticas, globalização e pelo rápido crescimento populacional demandam abordagens mais eficientes e novo conhecimento para o seu enfrentamento, sendo que este programa de pós-graduação é uma plataforma de capacitação para responder a estes problemas.

Na mesma ocasião, o Presidente da FioCruz, Mário Moreira, disse que a FioCruz e o INS mantêm uma relação longa e muito positiva, destacando a cooperação das duas instituições em projectos emblemáticos. Como exemplo, Moreira citou um projecto de desenvolvimento de testes moleculares para o diagnóstico de malária em Moçambique.

Igualmente, o interlocutor ressaltou que, com a contribuição que o Brasil dá neste âmbito, vai aprender muito com Moçambique, sendo que se trata de uma relação de troca de saberes, conhecimentos e experiências, ou seja, de construção colectiva. Como resultado do programa lançado, o dirigente espera que o Sistema Nacional de Saúde ofereça serviços de qualidade à população moçambicana.

Por seu turno, a Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde no Ministério da Saúde do Brasil, Isabela Pinto, referiu que o programa integrado de mestrado e doutoramento enquadra-se no contexto da agenda de cooperação em saúde, numa altura em que o novo Governo daquele país retoma o diálogo internacional, com força e compromisso da parte do ministério.

Aliás, a directora de Cooperação na Embaixada do Brasil, Natasha Agostini, explicou que o Brasil está, desde há muito tempo, focado no desenvolvimento da capacidade humana, e o lançamento do programa é um perfeito exemplo da cooperação Sul-Sul.

Segundo ela, o sucesso desta cooperação, virada para o desenvolvimento da pesquisa, é de alta relevância para Moçambique.

Seleccionados 42 estudantes

Na mesma ocasião, o Director Nacional de Formação e Comunicação em Saúde no INS, Rufino Gujamo, apresentou a estrutura do programa e explicou os critérios de selecção dos estudantes.
“Este é um programa inovador, sendo que vai acontecer de forma híbrida: presencial e virtual”, disse, referindo que o público-alvo é constituído por profissionais de saúde do sector público, docentes e investigadores na área de saúde em instituições públicas de ensino superior e de investigação científica.

Ao todo, de um universo de 245 candidaturas, das quais 78 para o nível de doutoramento e 167 para o nível de mestrado, foram seleccionados 42 estudantes, sendo 21 por cada um dos níveis.

Por sua vez, o Director da Faculdade de Ciências de Saúde da UniLúrio, Alarquia Saide, falou do impacto do programa, vincado que, para a UniLúrio, é um ganho significativo, na medida em que quadros daquela instituição de ensino vão ser formados numa área eleita como prioritária.

“Com esta parceria, teremos os nossos docentes mais qualificados sem terem de sair do país, e sem deixar o défice que tem sido visto em outras parcerias”, salientou, partilhando que a UniLúrio, na qualidade de primeira universidade com sede fora de Maputo, enfrentou dificuldades relacionadas com o défice de recursos humanos e infra-estruturas para a formação na área de saúde.

A Vice-Presidente de Educação, Informação e Comunicação na FIOCRUZ, Cristiane Machado, destacou que o programa em referência é fruto de um trabalho colectivo e de uma longa e histórica de parceria de mais de 15 anos entre a FioCruz e o INS.

Na mesma intervenção, falou do reforço da cooperação entre o Brasil, a África e os países de língua portuguesa, com Moçambique a ocupar uma posição especial na prioridade do fortalecimento dos sistemas de saúde e formação de profissionais nesta área.

Já a Presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior no Brasil, Mercedes Bustamante, referiu que o programa está na linha que o Governo tem colocado como prioridade.

A formação de mestres e doutores é necessária nas mais diversas áreas e, para os sistemas de saúde nacionais, ela é indispensável, por isso a iniciativa da FioCruz é tão importante. A rede dos programas de pós-graduação que vão formar moçambicanos abrange variados temas, como meio ambiente, saúde colectiva, saúde da mulher, da criança e do adolescente, todos voltados para a saúde pública, fez saber.

Os mestrandos e doutorandos são provenientes de todas as províncias de Moçambique, particularmente do INS, dos serviços e direcções provinciais de saúde, da área de saúde militar, de instituições de ensino superior e de investigação.

Refira-se que no contexto do lançamento deste programa de formação terão lugar outras actividades científicas ao longo dos próximos dias.