Ensaiada em Moçambique: Vacina contra Ébola aprovada para uso em humanos
Moçambique, através do Centro de Investigação e Treino em Saúde da Polana Caniço (CISPOC), participou da segunda etapa de ensaio clínico da candidata a vacina contra ébola, uma doença altamente contagiosa e letal.
O objectivo do ensaio clínico era avaliar a ocorrência de efeitos colaterais e a resposta imune (defesa) da vacina em humanos, e foi realizado também nos Estados Unidos, Nigéria, Quénia, Uganda e Tanzania, envolvendo 575 voluntários adultos, com idade compreendida entre 18 e 70, de ambos sexos.
Segundo a médica e investigadora do CISPOC, um centro de Pesquisa do Instituto Nacional de Saúde (INS), Márcia Muthisse Massinga, a vacina, que resultou de uma combinação de duas vacinas, nomeadamente a MVA-BN@-Filo e Ad26.ZEBOV, já recebeu parecer favorável da Agência Europeia de Medicamentos e aprovada pela Comissão Europeia.
Em Moçambique o ensaio envolveu 84 voluntários moçambicanos e, segundo Márcia Muthisse Massinga, os resultados do estudo demonstraram que a vacina tem uma resposta imunológica positiva. No geral, os eventos (efeitos colaterais) adversos relatados após a vacinação foram leves e de natureza transitória na maioria dos participantes.
“As vacinas foram administradas em duas doses num esquema de indução-reforço em dois grupos. O primeiro recebeu as vacinas num intervalo de 14 dias e o segundo num intervalo de 28 dias. A vacinação de indução tinha como objectivo fazer a estimulação inicial da resposta imune e a vacinação de reforço reforçar a resposta imune gerada pela vacinação de indução”, explicou a investigadora.
Em relação à resposta imune, esclareceu que “a candidata a vacina mostrou ser capaz de gerar uma resposta imune ou de defesa contra o vírus da Ébola em quase 99 por cento dos participantes dos países africanos. Os dados clínicos indicam ainda que esta vacina, dada num regime de duas doses, induz uma resposta imune robusta e duradoura”.
Apesar de Moçambique nunca ter registado casos de Ébola, segundo a médica, existe a preocupação das autoridades sanitárias nacionais de gerar mecanismos de controlo e resposta rápida por ser um país com grande fluxo migratório, portanto, considerado potencialmente vulnerável à ocorrência desta doença.
O ensaio iniciou em 2017 no Centro de Investigação e Treino em Saúde da Polana Caniço (CISPOC) foi financiada pela
Johnson & Johnson, uma empresa americana especializada na produção de produtos farmacêuticos e utensílios médicos.
Refira-se que a Ébola é uma doença infecciosa grave causada pelo vírus Ébola, altamente contagiosa, que afecta seres humanos e outros primatas como por exemplo os Chipanzés. Em cada 100 contaminados, uma média de 50 perdem a vida.