FETP–Linha da Frente reforça capacidade técnica de investigação de surtos em Nampula
A província de Nampula conta com mais 12 técnicos de epidemiologia de campo, com a graduação, há dias, dos integrantes da quarta coorte do Programa de Formação em Epidemiologia de Campo (FETP) em Moçambique – nível de Linha da Frente.
O acto, segundo o representante da Direcção Provincial de Saúde de Nampula, Nalcil Biassone, marca um grande passo e ganho no reforço da capacidade técnica de investigação de surtos na província.
“Este grupo vai ajudar muito, sendo que vai reforçar a nossa capacidade técnica de investigar com exactidão e fornecer dados fiáveis e favováreis à tomada de decisões. Há muito que a província de clamava por este tipo de formações”, vincou, salientando que, até aqui, pelo menos cada um dos 23 distritos da província tem uma pessoa formada em epidemiologia de campo para reforçar a investigação.
Segundo a fonte, epidemiologicamente, Nampula tem registado muitas emergências, como é o caso de epidemias e surtos de doenças diarreicas, sarampo, pólio, entre outros.
Por seu turno, o delegado do Instituto Nacional de Saúde (INS) em Nampula, Américo Barata, alinhou no posicionamento de que a formação se reveste de grande importância e representa um ganho para a província, indo em paralelo com a missão do INS, que é contribuir para a melhoria do bem-estar e da saúde da população moçambicana por meio da geração de evidência científica.
“No processo de geração de evidência científica, o INS procurou, através deste programa de epidemiologia de campo, oferecer competência e habilidade aos profissionais de saúde para melhorar a resposta aos diferentes programas de saúde, desafios e eventos epidemiológicos, eventos de massa e calamitosos”, disse, referindo que, com os graduados, o Sistema Nacional de Saúde já tem mais uma competência e habilidade para, rapidamente, detectar a situação de saúde e desenhar estratégias de resposta.
Barata esclarece que a eleição da província de Nampula para beneficiar do treinamento é justificada pelo facto de aquele ponto do país ter inúmeros desafios, apresentando, inclusive, factores determinantes de difícil modificação (naturais), para além dos criados pelo póprio homem, que chegam a prejudicar e ser nocivos à sua saúde. Na colocação do delegado, os referidos factores vão ser melhor compreendidos com os graduados, permitindo o asseguramento de um melhor estado de saúde, que é a missão do INS.
A coordenadora do nível de Linha da Frente do FETP, Judite Braga, assinalou a importância da implementação do programa no país, referindo que este tem por objectivo fortalecer o sistema da vigilância epidemiológica do Ministério da Saúde, por meio da formação dos técnicos e responsáveis na área de saúde, entre outros, com vista a responder a surtos e outros problemas prioritários de saúde pública.
Igualmente, explicou que a meta do FETP–Linha da Frente é abranger todas as províncias do país, com uma média 12 a 14 formandos por coorte. Segundo ela, os graduados são orientados a aplicarem os conhecimentos adquiridos e darem suporte aos seus colegas de trabalho na área em que foram formados.
O representante dos graduados, Gustavo Linha, agradeceu à equipa organizadora do programa e vincou que há comprometimento para a aplicação dos conhecimentos adquiridos ao longo da formação, no sentido de melhorar a realidade dos respectivos distritos.
“Este é mais um momento de reflexão para pensarmos como fazíamos e como devemos fazer a partir deste curso, com vista a melhorarmos a realidade dos nossos distritos. Aprendemos muito com a equipa da coordenação, e a formação já está a gerar resultados, sendo que se notam melhorias nas nossas vitrinas”, disse.
Para o representante dos mentores, Leonardo Domingos, o curso veio criar mais robustez no desenvolvimento das actividades da província e capacidades técnicas dos responsáveis de vigilância ao nível dos distritos. Por isso, exortou aos médicos-chefes a criarem condições favoráveis à realização integral das actividades por parte dos graduados, bem como à réplica dos conhecimentos apreendidos nos seus locais de proveniência.
O representante dos Serviços Provinciais de Saúde de Nampula, Arune Bacar, apontou a necessidade de os graduados se aplicarem, devendo cada um “dar de si antes de pensar em si”. Igualmente, apelou-os a valorizarem os colegas de trabalho, assinalando que o certificado não é símbolo de auto-suficiência.
No país, o FETP–Linha de Frente foi estabelecido pelo Ministério da Saúde, através do INS, em 2021, com o objectivo de reforçar a capacidade dos pontos focais de vigilância a nível distrital, com vista a identificar e dar uma resposta rápida à emergência de potenciais doenças epidémicas.
O nível de Linha de Frente é o primeiro dos três níveis que constituem o FETP, sendo o segundo e o terceiro, respectivamente, intermediário e avançado. A quarta coorte teve duração de três meses e é a segunda ao nível da província de Nampula, sendo que a primeira foi encerrada em Julho último, com a graduação de 13 participantes. A graduação da quarta coorte foi marcada pela realização de sessões científicas, durante as quais os graduados apresentaram trabalhos científicos de sua autoria, realizados no âmbito da formação, e pela entrega de certificados aos graduados e mentores.