INS divulga resultados de mapeamento de hotspots e estimativa da população-chave sobre HIV em Manica
A cidade de Chimoio acolheu, nesta terça-feira (16.04), uma sessão de divulgação dos resultados do Inquérito de mapeamento de hotspots (locais de concentração da população-chave) e estimativa do tamanho da População-chave (PC) sobre o HIV ao nível da província de Manica. Trata-se de um trabalho conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde (INS) em 2023, abrangendo oito dos 12 distritos da província.
A população-chave refere-se ao grupo com maior risco de infecção pelo HIV, devido a comportamentos sexuais de alto risco, nomeadamente Mulheres Trabalhadoras de Sexo (MTS), Homens que Fazem Sexo com Homens (HSH), Pessoas que Injectam Drogas (PID) e Transgéneros (TG), que incluem Mulheres Transgéneros (MTG) e Homens Transgéneros (HTG).
A Coordenadora Nacional do inquérito em alusão, Áuria Banze, explicou que o Plano Estratégico Nacional para o HIV reconhece o grupo, incluindo reclusos, como prioritário para a resposta ao HIV.
O inquérito, realizado com o objectivo de mapear e obter uma estimativa do tamanho de populações-chave, identificou um total de 253 hotspots activos na província. A cidade de Chimoio e os distritos de Manica e Bárue albergam a maioria dos hotspots, com 113, 82 e 18, respectivamente.
Os tipos de hotspots incluem bares, barracas, bocas de fumo, bottlestores, discotecas, guesthouses, hotéis, jardins, restaurantes, ruas, entre outros. Na sua maioria, são bares, tendo sido identificado um total de 170.
No quadro das conclusões, Áuria Banze disse que os resultados revelam complexas interacções entre as diferentes PC e fornecem uma visão sobre o progresso em direcção às metas 95-95-95 do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e SIDA, referentes à testagem e tratamento.
“Estes resultados oferecem informações valiosas para a planificação eficaz de estratégias de prevenção, cuidados e tratamento direccionadas a esses grupos vulneráveis no contexto da epidemia generalizada de HIV em Moçambique”, esclareceu, salientando que, para a estimativa final do tamanho da PC baseada nos hotspots, o estudo aponta para 8105 MTS, 1259 HSH, 234 PID e 17 TG.
O inquérito abrangeu 2577 MTS, 339 HSH, 119 PID, 43 MTG e 15 HTG. Neste aspecto, a apresentadora falou de sobreposições da população-chave, referindo que, das 2577 MTS, 28 eram também PID; das 43 MTG, 39 eram também HSH e um tinha tripla sobreposição, sendo MTG, PID e HSH, em simultâneo.
Por seu turno, o Médico-chefe na província de Manica, Flávio Roque, sublinhou a importância das informações produzidas com base no inquérito, visto que a planificação das acções no sector da Saúde exige evidência científica. Na mesma senda, falou de desafios nas intervenções junto à PC.
“Com os resultados apresentados, ficou evidente que temos muitos desafios para garantir assistência à população-chave. O que queremos é saber como chegar às pessoas e fornecer os serviços, daí a necessidade do desenho de estratégias favoráveis, sobretudo para alcançar os Homens que Fazem Sexo com Homens”, disse.
O estudo recomenda o desenvolvimento de um sistema de informação em saúde robusto, capaz de monitorar o estado de saúde e a prestação de serviços para a PC, para além do desenvolvimento de uma estratégia abrangente para a vigilância do HIV em PC, incluindo a vigilância de infecções de transmissão sexual.
A sessão de apresentação juntou vários participantes, maioritariamente profissionais de Saúde, e foi marcada por momentos discussões em torno dos resultados e passos seguintes no contexto do estudo.