Investimento para tratamento de traumas é insuficiente na região Norte
O Director do Hospital Provincial de Lichinga, Eduardo Mandua, defende um maior investimento no tratamento de traumas no sector da Saúde ao nível da região Norte do país, argumentando que estes se afiguram como o principal problema de saúde pública a nível mundial, representando, adicionalmente, o maior peso no custo de tratamento, não só nos países subdesenvolvidos.
Falando na última sexta-feira (24.11), numa das sessões plenárias das III Jornadas de Saúde da Região Norte, que tiveram lugar no Campus da Universidade Rovuma-Extensão de Niassa, o pesquisador sublinhou que o trauma é a principal causa de incapacidade em indivíduos em idade activa e, em relação às causas, a nível da região Norte, os acidentes por motociclos são os mais expressivos.
“Os motociclos são o principal meio de transporte na região Norte, não só de passageiro, mas também de mercadoria e, muitas vezes, de ambos em simultâneo”, disse, acrescentando que estes meios representam um perigo, porque não há protecção no seu uso.
Outros factores que agudizam o perigo dos motociclos, segundo Mandua, são o desrespeito ou desconhecimento das regras de trânsito pelos moto-taxistas, o envolvimento de menores na sua operação, falta de fiscalização por parte dos órgãos competentes e imprudência no seu uso.
Ainda sobre o peso desta classe de transportes nos traumas, Mandua referiu que, a nível da unidade sanitária que dirige, a cada três vítimas de acidentes que dão entrada nos serviços de urgência, dois estão relacionados a acidentes motorizadas.
O pesquisador diz que as consequências são drásticas e múltiplas, sendo algumas delas a morbilidade, mortalidade, invalidez, empobrecimento, subdesenvolvimento e custos elevados de tratamento, incluindo de manutenção das infra-estruturas hospitalares e das equipas clínicas.
Para aprofundar sobre os custos, Eduardo Mandua partilhou informações de um estudo realizado no Hospital Central de Maputo em 2015, com o objectivo de estimar o peso de tratamento de pacientes internados com trauma, tendo concluído que, por cada um deles foram gastos cerca de 38.700 meticais.
Diante da situação descrita, o pesquisador chama atenção para a necessidade de se olhar o trauma não apenas na perspectiva de um indivíduo envolvido em acidente, mas também como um flagelo que destrói o homem, a família, a comunidade, a sociedade e todo país.