Relatório do InVIC-2019 revela gravidade da violência contra crianças no país

O Instituto Nacional de Saúde lançou, esta sexta-feira (07.05), o Relatório de Indicadores Básicos do Inquérito sobre Violência contra a Criança em Moçambique (InVIC-2019). Uma das revelações do documento é que a violência contra as crianças é grave no país, sendo que 32,1 por cento das meninas e 40,3 por cento dos rapazes abrangidos já sofreram algum tipo de violência, na maior parte das vezes, praticada por familiares ou conhecidos.

No acto de lançamento, o investigador principal do estudo, Ângelo Augusto, referiu que o inquérito tinha como principais objetivos avaliar a magnitude da violência sexual, física e emocional contra crianças, adolescentes, jovens e seus contextos no país; identificar os potenciais riscos e factores protectores, bem como prover informação para os programas e políticas contra a violência e controlo do HIV em Moçambique.

Entre outras informações, o inquérito inferiu que uma proporção substancial de meninas de 13-17 anos já foi casada ou viveu com alguém como se fosse casada; uma proporção considerável de raparigas de 18-24 anos sofreu diferentes formas de violência sexual na infância e menos de um terço dos participantes revelou ou disse a alguém que foi vítima de violência sexual na infância.

O estudo concluiu, também, que uma proporção considerável de violência física entre jovens de 18-24 anos na infância foi perpetrada por pais, cuidadores adultos e parentes adultos e que menos de 10 por cento dos participantes reportam ter procurado serviços de atendimento entre as vítimas de violência física.

Igualmente, o documento indica que uma proporção considerável de raparigas e rapazes sofreu violência emocional por um dos pais, encarregado ou outro familiar adulto na infância. Outro aspecto apontado é que a proporção de seropositividade de HIV entre as raparigas foi mais elevada em comparação com a dos rapazes.

InVIC vai fortalecer planificação

A ministra de Género, Criança e Acção Social, Nyeleti Mondlane, afirmou que o documento vai ajudar a perceber a dimensão da violência contra a criança, a partir de dados fiáveis, para apoiar o processo de planificação e priorização de acções a realizar com a intervenção das instituições do Estado, a sociedade civil, confissões religiosas e comunidades.

“O Relatório de Indicadores Básicos do Inquérito mostra-nos a gravidade da violência contra a criança de ambos sexos, pois 32,1 por cento das meninas e 40,3 por cento dos rapazes já sofreram algum tipo de violência, na maior parte das vezes, praticas por familiares ou conhecidos”, reiterou.

Ministra de Género, Criança e Acção Social, Nyeleti Mondlane,

O relatório foi lançado em colaboração com o Ministério da Saúde,  Ministério do Género, Criança e Acção Social, Instituto Nacional de Estatística, Fundo das Nações Unidas para Infância e o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC).

Levado a cabo a nível nacional, o InVIC-2019 decorreu nos meses de Julho e Setembro de 2019 em 385 áreas de enumeração e envoleveu crianças e jovens de idade compreendida entre 13 e 24 anos. É o primeiro inquérito do género conduzido no país e foi financiado pelo Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos da América para o Alívio do SIDA, através do CDC.

Relatório de Indicadores Básicos do Inquérito sobre Violência contra a Criança em Moçambique (InVIC-2019). Disponível neste link: http://bit.ly/InVIC_2019_PT

Público presente no acto do Relatório de Indicadores Básicos do Inquérito sobre Violência contra a Criança em Moçambique (InVIC-2019)