Moçambique atento a novas formas de tratamento do HIV

Encerrou na tarde desta sexta-feira (12.05) a 17ª Conferência Internacional de Pesquisa sobre Tratamento, Patogénese e Prevenção do HIV em Regiões com Escassez de Recursos INTEREST-2023, que decorreu em Maputo desde terça-feira, 09 de Maio corrente.

Na ocasião, o Vice-Ministro da Saúde, Ilesh Jani, disse que o país está atento às novas formas de tratamento do HIV, que sugerem a adopção de medicamentos de libertação lenta, que permitem sair das doses de frequência diária para outros regimes de tratamento com espaçamento mais largo. Trata-se de uma abordagem que, segundo Jani, vai beneficiar a milhões de pessoas no continente africano.

O dirigente refere que esta abordagem merece uma atenção especial para Moçambique pelo facto de ter muitas pessoas infectadas pela doença.

“Há formulações novas com base nas quais é possível dar medicamentos com tomas menos frequentes. Portanto, o paciente poderá tomar medicamentos com frequência semanal ou mensal, e este tipo de medicamento começa já a ter resultados de investigação, sendo também para nós uma área que merece uma atenção especial”, disse, referindo que este foi um dos temas amplamente debatidos ao longo do evento.

Prevenção volta a ser prioridade

Outro tema mencionado por Ilesh Jani como parte dos pilares das discussões feitas é a prevenção do HIV. Segundo ele, Moçambique precisa de continuar a investir em várias vertentes do combate à doença, tomando-se a prevenção como a área mais prioritária.

Esta é uma área que precisamos de reforçar. No início da pandemia do HIV, a prevenção recebeu uma atenção muito especial. Porém, com a chegada do tratamento antirretroviral a todos os cantos do mundo, a prevenção, durante algum tempo, passou a segundo plano, e demos muita atenção ao tratamento, até como uma medida de supressão do vírus para evitar que ele se propague. No entanto, hoje, percebe-se que é preciso investir nas duas vertentes.

O investimento na prevenção e tratamento do HIV, segundo o Vice-Ministro, vai permitir a redução do número de pessoas infectadas e, ao mesmo tempo, garantir cuidados aos infectados.

A epidemiologia do HIV em crianças e adultos e a COVID-19, igualmente, tiveram espaço privilegiado nas sessões de debate, que incluíram reflexões em torno da implicação dos resultados das pesquisas apresentadas nas políticas e práticas do sector da Saúde.

Ilesh Jani refere que a 17ª edição da conferência INTEREST lançou as bases para uma discussão mais aprofundada ao nível dos países, cabendo a estes, individualmente, explorar as oportunidades existentes, com vista a melhorar as políticas e práticas na área do HIV.

A conferência juntou cerca de 800 pessoas, com perto de 250 participantes nacionais e mais de 500 estrangeiros. Durante o evento, foram discutidos cerca de 700 trabalhos científicos, dos quais cerca de 100 são de Moçambique.