Ana Paula defende tese de doutoramento em Biociências e Saúde Pública

A bióloga e pesquisadora moçambicana do Instituto Nacional de Saúde (INS) Ana Paula Abílio defendeu, na última quinta-feira (09), em formato híbrido (presencial e virtual), uma tese de doutoramento intitulada “Rastreio e Caracterização Entomológica de Mosquitos como Potenciais Vectores de Arbovírus em Moçambique.

O estudo esteve focado na caracterização de vectores importantes na transmissão de arbovírus, família de vírus responsáveis pela causa da Dengue, Chikungunya, Febre do Vale do Rift e outras doenças ligadas à picada de mosquitos no país.

Porque Moçambique foi assolado pela Dengue no período de 2014 e 2015 na região nortenha e constitui “terra fértil” para ocorrência de casos de malária, a pesquisadora envolveu-se no estudo de vectores durante quatro anos.

O objectivo do envolvimento de Ana Paula no referido campo de pesquisa consistiu em  perceber e trazer resultados que ajudem ao Ministério da Saúde e outras instituições ligadas à saúde pública a desenharem políticas consistentes, para colmatar os desafios registados no Sistema Nacional de Saúde naquela área.

Entre várias constatações, a investigadora detectou que existem vários vírus novos em Moçambique, para além das espécies de mosquitos já conhecidos.

“Graças à pesquisa, foi possível perceber que as principais espécies mais importantes para a transmissão de arbovírus ocorre com maior densidade em todo o território moçambicano, com maior destaque para a região Norte do país. Os pneus, tanques de cimento e tambores constituem recipientes com maior risco de reprodução de Aedes aegypti”, fez saber.

Segundo Ana Paula, com o mesmo estudo, confirmou-se que a espécie Aedes albopictus, o segundo na lista de vectores importantes na transmissão de arbovírus, se estabeleceu com sucesso no país.

O armazenamento de água usada pelas comunidades no seu dia-a-dia deve ser feita de forma organizada, com os recipientes cobertos de forma correcta. Esta é uma das várias recomendações presentes no trabalho, com vista a impedir o surgimento de arbovírus.

Os membros de júri decidiram, por unanimidade, atribuir à pesquisadora, com a classificação máxima prevista no regulamento (Excelente), o título de Doutora (PhD) em Biociências e Saúde Pública.

A defesa decorreu na Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane, uma das instituições parceiras do INS na área de formação em pós-graduação. Participaram da sessão de apresentação do trabalho em alusão estudantes, pesquisadores, docentes, entre outros.