EM NAMPULA: FETP Linha de Frente gradua 13 técnicos de Saúde em epidemiologia de campo

O Programa de Formação em Epidemiologia de Campo de Moçambique (FETP) – Linha de Frente, estabelecido pelo Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional de Saúde (INS), procedeu, esta quarta-feira (20), ao encerramento da 3ª coorte de formação em epidemiologia de campo, realizada na província de Nampula, norte de Moçambique, com o objectivo de reforçar a capacidade dos pontos focais de vigilância a nível distrital, com vista a identificar e dar uma resposta rápida à emergência de potenciais doenças epidémicas.

O curso em menção corresponde ao primeiro nível do FETP, que é o da Linha de Frente, e abrangeu 14 profissionais de Saúde afectos à referida província, entretanto encerrou com a graduação de 13 participantes, sendo que um não chegou à graduação por motivos de doença. Com duração de três meses, a 3ª coorte iniciou-se no dia 18 de Abril último na cidade de Nampula.

O chefe do Departamento de Saúde Pública no Serviço Provincial Saúde de Nampula, Geraldino Avalinho, que procedeu à abertura do evento, falou da importância da formação, sublinhando que a disponibilidade de recursos humanos, aprimorados e com capacidade de intervenção atempada, no concernente à investigação e busca de solução, é uma satisfação para o sector da Saúde daquela província, que tem muitos distritos com alto peso da problemática de doenças de origem hídrica, entre outras.

Geraldino Avalinho, chefe do Departamento de Saúde Pública no Serviço Provincial Saúde de Nampula

“Vínhamos acompanhando que a província estava a colher uma formação. Para nós, é com grande júbilo que, hoje, testemunhamos a cerimónia de encerramento desta turma e sentimo-nos mais fortalecidos como província, porque penso que, daqui para frente, os colegas treinados, nalgum momento, poderão formar os distritos que, infelizmente, não puderam fazer parte desta formação”, disse, realçando que a formação vem fortalecer e robustecer o sector da Saúde para responder  às doenças emergentes.

O delegado do INS em Nampula, Américo Barata, vincou que a implementação do programa de fortalecimento da capacidade de resposta aos eventos de saúde ao nível dos distritos criou capacidade técnica, habilidade e competência no sector de Saúde, tratando-se de uma rede coordenada a nível nacional e internacional.

Américo Barata, delegado do INS em Nampula

 “É um privilégio, para a nossa província, ter colegas que, de acordo com o programa, têm a capacidade de detectar, compreender e idealizar acções que possam responder aos eventos de saúde pública ao nível da província”, disse.

Barata sublinhou, igualmente, que, de forma muito precisa, os graduados terão a capacidade de conduzir uma investigação em saúde para melhor informar e, com base nessa informação, permitir a tomada de decisões baseadas em evidências, para gerar respostas, gerir recursos e maximizar resultados.

Por seu turno, o coodenador do programa, Geraldo Chambe, apresentou a estrutura do FETP, explicando que este é um programa de desenvolvimento de força de trabalho orientado e baseado em competências, implementado com vista a habilitar e aprimorar os técnicos de Saúde na área da vigilância.

Geraldo Chambe, coodenador do programa

“É um treinamento baseado em competência, mas também é supervisionado. Ele requer que estes técnicos sejam acompanhados não só pelos supervisores como também por uma mentoria adicional. Portanto, são profissionais formados a nível local, regional, provincial ou mesmo nacional. É ‘aprendendo fazendo’, porque eles aplicam os seus conhecimentos logo após a parte teórica que é realizada”, explicou.

Chambe esclareceu que o FETP está dividido em níveis, nomeadamente Linha de Frente, Intermediário e Avançado. Ele assinala que se trata de um programa do país, esperando-se que ele seja assegurado para sempre.

Ainda sobre a estrutura, o coordenador explicou que o programa tem uma base larga, que muda à medida em que os níveis vão avançado em cascata, no sentido de que os que estão nos níveis intermediário e avançado vão tutorando os outros. Porém, uma vez formados, os do nível de Linha de Frente podem, igualmente, tornar-se mentores e tutorar seus colegas.

“O objectivo é treinar estes profissionais em epidemiologia de campo, fornecendo habilidades de investigação epidemiológica para as autoridades nacional, provincial e distrital. O segundo aspecto é reforçar a capacidade para responder às emergências de saúde pública, conduzir a vigilância epidemiológica e melhorar a comunicação nas redes de epidemiologia dentro do país e a nível internacional”, fez saber.

Quanto às competências, segundo o interlocutor, a expectativa é que os graduados continuem a fazer uma revisão contínua de dados de vigilância, avalição contínua da prontidão e integridade, visitar regularmente os centros de saúde para fazer auditoria da qualidade de dados e realizar uma análise SWOT com regularidade, incluindo os dados de vigilância, e não para servirem de ponte de dados, simplesmente passando-os para o Ministério.

Por sua vez, o representante dos participantes da 3ª coorte, Lemos João, agradeceu ao INS e aos mentores, sendo que estes acompanharam a turma do princípio ao fim. Na mesma senda, endereçou agradecimentos aos seus locais de serviço, que concederam a dispensa para que eles pudessem participarem do treino.

Lemos João, representante dos participantes da 3ª coorte

“A mim e aos meus colegas, digo que este não é o fim, mas sim o começo de mais uma etapa. Aqui, temos conhecimentos adquiridos e devemos aplicá-los nos nossos locais de trabalho, demonstrando que nos foi conferida mais uma ferramenta para melhorarmos o dia-a-dia do nosso trabalho”, vincou.

O encerramento da 3ª coorte foi marcado pela entrega de certificados aos graduados e realização de sessões científicas, durante as quais os participantes apresentaram trabalhos científicos de sua autoria, realizados no âmbito da formação.

Em Moçambique, o FETP foi estabelecido em colaboração com a Direcção Nacional de Saúde Pública e a Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane, com o apoio técnico do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC) e da Rede Africana de Epidemiologia de Campo (AFENET).