Moçambique poderá registar temperaturas acima de 40 °C nos próximos anos

Até 2100, o continente africano, particularmente a parte norte e sudeste, o aquecimento poderá resultar no aumento de 1.5 Graus Celsius (°C), provocando a subida do número de dias com temperaturas máximas superiores a 35 °C. Moçambique, em particular, por ser extremamente vulnerável à ocorrência de aquecimento de 2 °C, será afectado pela ocorrência de temperaturas acima de 40 °C.

O alerta foi dado esta quinta-feira, em Maputo, pelo director de estratégias da Organização Mundial de Meteorologia (WMO, sigla em inglês), Filipe Lucío, que falava durante a plenária II das XVII Jornadas Nacionais de Saúde (JNS), cujo tema foi “Mudanças climáticas e ambientais: riscos e impactos em Moçambique”.

Segundo o responsável, actualmente, o continente africano regista aquecimento em volta de 0,4 °C por década. O aumento tem sido contínuo e a década mais quente até então observada, corresponde a 2011 e 2020, sendo que, 2016, 2019 e 2020 foram os anos mais quentes, já mais registados.

O aumento exponencial das temperaturas vai reduzir a precipitação (chuvas), que consequentemente terá impactos na disponibilidade da água, saneamento, higiene pessoal e agricultura, que por sinal é a base para a segurança alimentar e nutricional, afectando directamente o sector da saúde, disse Filipe Lúcio.

Ainda na sua explanação, disse que “numa situação em que teremos dois graus de aquecimento, o cenário vai mudar totalmente, isto é, teremos pouca quantidade de ciclones de categorias intensas, igual ao IDAI”.

“As mudanças climáticas têm impactado directamente o sector da saúde, porque em África são considerados como problema ambiental”, daí que Filipe Lúcio recomenda para que o sector da saúde faça o uso sistematicamente da informação sobre o clima, mas para tal, antes, devem estreitar relações com os profissionais da meteorologia, para melhor distinção entre informação de tempo e clima.

Hoje, foi o segundo dia das XVII JNS, que decorrem sob o lema “Promovendo a segurança sanitária e o desenvolvimento sustentável através da investigação científica transdisciplinar”.