O Instituto Nacional de Saúde (INS) procedeu, na última quinta-feira (31.08), na cidade de Nampula, ao lançamento dos resultados da vigilância do Sistema Comunitário de Observação em Saúde e de Eventos Vitais (SIS-COVE) referentes ao período de 2019 – 2021. Trata-se de um estudo que cobre 700 conglomerados de cerca de 300 agregados familiares cada, distribuídas aleatoriamente em todas as 11 províncias do país.

O SIS-COVE é uma plataforma de colecta de dados contínuos de mortalidade e causas de morte a partir de uma amostra de base comunitária representativa a nível urbano/rural, provincial e nacional. Como resultados, ele gera dados relevantes sobre o perfil dos nascimentos, óbitos, taxas de mortalidade, principais causas de mortalidade e determinantes essenciais da mortalidade.

Parte dos resultados apresentados indica que, no período em alusão, do seguimento de uma amostra de 91.063 pessoas na província de Nampula, em relação aos partos institucionais, a referida província teve uma cobertura abaixo da média nacional, tendo cerca de 60 por cento dos partos a ocorrerem na unidade sanitária e a mortalidade com cerca de 80 por cento dos óbitos ocorridos fora da unidade sanitária.

Ainda para mesmo período, o estudo revela registo da redução do peso da mortalidade por HIV e malária. No sentido oposto, porém, está o peso das mortes por cancros e trauma, que aumentou em todas as idades.

Quanto à mortalidade por faixa etária, as infecções tiveram um peso importante na mortalidade em menores de 14 anos, e as doenças crónicas (cancro e doença cardiovascular) em maiores de 50 anos entre 2019 e 2021.

Relativamente à mortalidade em menores de 5 anos, a vigilância aponta a diarreia como a principal causa em menores de 5 anos em Nampula, sendo esta a província com a maior taxa de mortalidade por esta condição a nível nacional.

Intervindo no acto de apresentação pública dos resultados e perspectivas deste estudo, o médico e investigador do estudo, Celso Monjane, referiu que, quanto à mortalidade em indivíduos de 15 a 49 anos, o estudo aponta o HIV como a principal causa de óbito em todas as províncias.

“Sobre a mortalidade em indivíduos com idade maior a 50 anos, as neoplasias foram a principal causa de óbito a nível nacional, tendo a província de Nampula registado a mortalidade mais alta por neoplasias na região Norte do país”, destacou.

O sistema aponta maiores rácios de mortalidade materna na área rural e nas regiões Centro e Norte do país no período em alusão, sendo que 24 por cento tiveram como causa o aborto, 18 por cento hemorragias e 13 por cento transtornos hipertensivos.

São parceiros de implementação do SIS-COVE o Instituto Nacional de Estatística (INE), a John Hopkins Bloomberg School of Public Health, o Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças, a Organização Mundial da Saúde e a Fundação Bill & Mellinda Gates.

Participaram da apresentação de resultados do SIS-COVE a médica-chefe provincial de Nampula, Selma Xavier, os médicos-chefes distritais, agentes comunitários de saúde, representante dos serviços provinciais de saúde, do INE, de organizações não governamentais, líderes comunitários, entre outros.