ESTE ANO: Moçambique conclui elaboração do plano de acção para eliminação da cólera

O Ministro da Saúde, Armindo Tiago, fez saber, na manhã desta terça-feira (hoje), que o país está em fase avançada de elaboração do Plano Nacional de Acção para a Eliminação da Cólera, cuja submissão para aprovação pelo Governo está prevista para o segundo semestre deste ano. O dirigente partilhou a informação no acto de abertura oficial da 8ª Reunião do Comité Directivo da Global Task Force on Cholera Control, que decorre até sexta-feira na cidade de Maputo.

Segundo Tiago, trata-se de um plano ambicioso que pretende consolidar a abordagem multissectorial e preventiva da resposta à cólera, cuja materialização vai exigir o envolvimento de todos os sectores-chave.

O evento, que junta mais de 70 especialistas internacionais na área de cólera, tem como objectivo discutir, entre outros temas, as áreas prioritárias para as intervenções multissectorias, a vigilância ao nível nacional, regional e global, o fortalecimento das capacidades de diagnóstico laboratorial e qualidade, tendo em vista melhorar as estratégias dos países para o controlo e eliminação da doença.

Armindo Tiago destacou a relevância do encontro, referindo que Moçambique vai ter o privilégio de aprender e partilhar experiências com outros países, relativamente à adopção de uma resposta baseada em evidência científica, rápida implementação de um sistema de gestão de incidentes, com a indicação de um gestor nacional de incidentes para a coordenação operacional da resposta, entre outras valências.

O governante diz ser expectativa que a realização do evento na cidade de Maputo sirva, igualmente, de oportunidade para o estabelecimento de redes de colaboração entre os membros da Global Task Force on Cholera Control e as entidades e especialistas nacionais envolvidas na prevenção e respostas àquela doença.

Ainda não é momento de baixar a guarda

Na ocasião, Tiago ressaltou que o país está a colher sucessos na gestão de casos de cólera, referindo que as acções combinadas adoptadas pelo sector da Saúde levaram à melhoria da situação epidemiológica da doença nas últimas semanas no país, porém chama atenção para não se relaxar, considerando que ainda existem importantes focos de transmissão.

“O número semanal de casos reduziu de 5.106 casos na semana epidemiológica 12 para 870 na última semana epidemiológica (semana 17). No entanto, gostaria de deixar o alerta: ainda não é o momento de baixarmos a guarda, pois ainda permanecem importantes focos de transmissão em várias regiões do país”, alertou.

Entre as acções implementadas pelo sector e seus parceiros, destacam-se o fortalecimento da vigilância epidemiológica, expansão da capacidade de testagem laboratorial para todos os laboratórios de saúde pública provinciais, implementação de uma abordagem diferenciada para o menejo correcto e rápido dos casos, mobilização e educação das comunidades para a adopção de medidas de prevenção e mobilização de vacinas para vacinação reactiva.

Na mesma senda, o Chefe do Departamento de Inquéritos e Vigilância em Saúde no Instituto Nacional de Saúde (INS) e gestor Nacional de Incidentes na Resposta à Cólera, José Langa, referiu que o país está a conhecer momentos de estabilização, entretanto a preocupação com as províncias que registaram casos mantém-se, sendo que ainda existem condições para ocorrência de casos.

“Havendo alguma mudança, principalmente climática ou humanitária, estes casos podem voltar a aumentar. Estamos numa fase boa de controlo e, de forma bastante rápida, Moçambique mostrou ser exemplo de implementação eficaz de estratégias”, disse, assinalando, porém, que o país ainda se encontra em situação de alerta, a controlar os factores de risco e a tentar mitigar o risco de recrudescimento de casos.

Em Moçambique, a cólera é endémica em algumas regiões, com ocorrência cíclica de surtos em áreas geográficas localizadas. Cumulativamente, na presente época, o país registou cerca de 29 mil casos e 127 óbitos, com uma taxa de letalidade de 0,4%. Trata-se da maior epidemia da doença ao longo dos últimos 20 anos a nível nacional.

A cerimónia de abertura da VIII Reunião do Comité Directivo da Global Task Force on Cholera Control foi testemunhada por quadros do INS, com destaque para o Director-geral, Eduardo Samo Gudo, Directora Nacional de Inquéritos e Observação de Saúde, Ivalda Macicame, e Director Nacional de Formação e Comunicação, Rufino Gujamo.