O Instituto Nacional de Saúde (INS) participou, recentemente, em Bali, na Indonésia, da International Arbovirus Summit (Cimeira Internacional sobre Arboviroses), evento que tinha o objectivo discutir o aumento significativo da incidência de doenças transmitidas por mosquitos a nível mundial.

No encontro, que juntou decisores políticos, especialistas em saúde global, pesquisadores líderes em arbovírus e parceiros, o INS foi representado por Osvaldo Inlamea, pesquisador ligado à área de doenças emergentes, incluindo arboviroses.

Ao longo das discussões, destacou-se a necessidade do fortalecimento dos sistemas de vigilância, com foco em sentinela de base laboratorial, visando sustentar a vigilância genómica integrada de arbovírus, observação e previsão de casos, para além do manejo integrado de arbovírus, devido ao recente aumento de casos de infecções pelo vírus da Dengue na América do Sul, África e no Sudoeste Asiático.

Osvaldo Inlamea falou no encontro das mudanças climáticas como factor para a ocorrência e disseminação das arboviroses, trazendo constatações salientes do estudo e vigilância realizados no contexto dos ciclones IDAI e Kenneth.

Segundo Inlamea, os referidos eventos climáticos extremos exacerbaram a ocorrência da doença em Sofala e Cabo Delgado, respectivamente, havendo necessidade de se fortalecer a vigilância em todos os níveis, com papéis claros, bem como da utilização da abordagem One Health para a detecção da doença e criação de um sistema de alerta precoce, baseado em dados de clima e saúde.

Os vírus da Dengue, Zika e Chikungunya são os arbovírus de maior preocupação para os seres humanos. Eles causam carga de doenças (arboviroses) com sintomatologia leve a potencialmente fatais, resultando em morbi-mortalidade a curto e longo prazos em África, incluindo Moçambique.

Dados actuais indicam a disseminação dos três arbovírus no país, com frequências de positividade estacionárias. A maior tendência aponta para a região Norte, onde foram registados dois surtos da Dengue.