Terminou, ao fim da tarde desta sexta-feira (05.05), a 8ª Reunião do Comité Directivo da Global Task Force para o Controlo da Cólera (GTFCC), um evento que discutiu, entre outros assuntos, as áreas prioritárias para as intervenções multissectorias concernentes ao controlo da doença.

As discussões, segundo o Director-geral do Instituto Nacional de Saúde, Eduardo Samo Gudo, foram dominadas pela questão de antecipação e de transição de uma abordagem reactiva para uma abordagem preventiva da cólera no mundo.

“Esta é uma área na qual não é fácil trabalhar, porque precisa de muita expertise, muita informação multidisciplinar e de qualidade, não só sob ponto de vista de saúde, mas também de previsão climática, demográfica e factores de risco”, referiu.

Entre as discussões feitas, Samo Gudo apontou a questão de como acelerar a geração de informação das várias disciplinas, com vista a assegurar que, futuramente, o mundo tenha o poder de antecipar e prever os acontecimentos relacionados à doença.

Outros tópicos debatidos ao longo do evento, que, nas palavras do dirigente constituíram pilares da discussão, são a necessidade de introdução de inovações tecnológicas e científicas na componente de diagnóstico laboratorial e sistemas eficazes de vigilância epidemiológica.

“A vigilância epidemiológica é fundamental, não só para garantir a detecção precoce dos casos, mas também para monitorar a sua tendência epidemiológica, para entender o padrão da transmissão e, com isso, poder definir as melhores estratégias de prevenção”, defendeu.

Moçambique adianta-se no mapeamento de áreas com risco de surtos

No desenvolvimento da sua locução, Samo Gudo partilhou que o país está relativamente adiantado no que concerne à identificação de plataformas que permitem prever o impacto dos ciclones e as áreas em risco de ocorrência de surtos de cólera decorrentes das mudanças climáticas.

“Moçambique terminou, recentemente, o primeiro exercício de mapeamento de áreas de risco para a cólera. Um aspecto interessante é que este mapeamento foi terminado recentemente e, quando fazemos a sobreposição entre aquilo que foi mapeado e as áreas de risco, verificamos que existe alguma consistência”, disse, referindo, porém, que as plataformas e os modelos utilizados devem ser aprimorados.

Segundo o dirigente, a reunião foi realizada pelo comité técnico-científico mais importante a nível mundial, que emite recomendações, directrizes e normas à Organização Mundial da Saúde, que os países adoptam para o controlo da cólera a nível global.

A 8ª Reunião do Comité Directivo da GTFCC reuniu mais de 70 especialistas internacionais na área de cólera durante quatro dias, na cidade de Maputo.