PARA O CONTROLO DO HIV: África deve continuar a privilegiar respostas orientadas por evidência científica

– Defende PM, Adriano Maleiane

O Primeiro-ministro (PM), Adriano Maleiane, advoga que os países africanos devem continuar a buscar mecanismos que permitam consolidar a resposta ao HIV orientada por evidência científica. O dirigente falava na manhã desta terça-feira (09.05) no acto de abertura da 17ª Conferência Internacional de Pesquisa sobre Tratamento, Patogénese e Prevenção do HIV em Regiões com Escassez de Recursos (INTEREST) que decorre na cidade de Maputo.

Trata-se da principal conferência científica sobre o HIV em África, que tem como objectivo apresentar e discutir os mais recentes avanços científicos sobre o HIV em África, assim como promover a construção de uma comunidade de cientistas africanos, de forma a facilitar a identificação e implementação de soluções locais em relação ao diagnóstico, tratamento e prevenção da infecção pelo HIV.

Segundo Maleiane, esta conferência afigura-se como uma oportunidade ímpar para a promoção de acções que visam intensificar a geração de evidência científica e sua tradução em políticas públicas mais arrojadas. “É nossa expectativa que, nesta conferência, sejam discutidas as mais recentes evidências científicas sobre HIV em África e identificadas soluções científicas e tecnológicas para acelerar a marcha rumo às metas de controlo desta doença até 2030”, disse.

Para o PM, o continente tem vindo a registar progressos assinaláveis em direcção ao controlo do HIV, resultantes da implementação de um conjunto de intervenções orientadas para a prevenção e o tratamento da doença ao longo da última década, sendo de salientar o facto de África ter registado uma redução do número de novas infeções e de óbitos relacionados com a doença em cerca de 44 e 55 por cento, respectivamente.

Apesar dos progressos referidos, o dirigente sublinha que África tem um longo caminho a percorrer, considerando que os dados estatísticos da ONUSIDA de 2021 indicam das 38 milhões de pessoas que vivem com o HIV-SIDA em todo o mundo, cerca de 26 milhões estão na África Subsaariana, pelo que a doença continua a representar um importante desafio à saúde pública na região.

Mais de 700 trabalhos científicos aprovados

Para a conferência INTEREST 2023 foram aprovados 756 trabalhos científicos enquadrados em 20 áreas temáticas no domínio do HIV, dos quais 137 pertencem a instituições ou investigadores moçambicanos.

Segundo o Ministro da Saúde, Armindo Tiago, os resultados dos trabalhos a serem partilhados, são de vital importância para melhoria da resposta à epidemia do HIV nos países africanos, em geral, e em Moçambique, em particular.

Refira-se que dos 756 trabalhos, 39 foram aprovados para apresentação oral (6 são de investigadores moçambicanos) e 235 em posters (32 são de pesquisadores nacionais). Há, ainda, um total de 482 resumos que serão publicados no livro de resumos.

O Ministro da Saúde refere que a conferência decorre numa altura em que o mundo completa 40 anos depois de ter identificado o HIV como sendo o agente causador do SIDA, sendo, por isso, expectativa dos intervenientes que o evento sirva de oportunidade para uma reflexão sobre os desafios e avanços na resposta ao HIV ao longo das quatro décadas referidas. Participam do evento cerca de 700 pessoas provenientes de 49 países, entre os quais 32 são do continente africano.